Palestra: O Pão Nosso de cada dia dá-nos hoje

01/06/2010

Tradução da Palestra da Pastora Patricia Cuyatti
na Pré-Assembleia da FLM
em Bogotá/Colômbia - abr/2010

Pastora Patricia Cuyatti é membro da
Igreja Luterano-evangélica do Peru (ILEP);
PhD pela Lutheran School of Theology de Chicago/EUA.

A quarta petição do Pai Nosso: “O pão nosso de cada dia, dá-nos hoje” é uma súplica que contempla dois elementos: a) um sentido restrito diante das necessidades da comunidade: b) uma afirmação de fé que, enquanto é pronunciada, revela a graça e a justiça divinas.

Mateus e Lucas oferecem-nos duas versões do Pai Nosso. No contexto de Lucas 11, a oração surge como um modelo didático. Os discípulos, em sua necessidade de aprenderem a orar, pedem que Jesus os ensine a orar. Em contraste a esta necessidade, Mateus 6 assume que os seguidores/as de Jesus sabem orar. A iniciativa do Pai Nosso surge do próprio Jesus, sem ser solicitada, e ele (Jesus), ao pedir pelo pão, responde a uma atenta e sensível consideração pelas necessidades reais de seus seguidores/as.

Relevância comunitária no pedido pelo pão

Por meio dos evangelhos sabemos que a oração é uma experiência vital para Jesus. As orações de Jesus demonstram sua profunda relação com Deus. Uma relação baseada na confiança e na intimidade. O que é particular e novidade na oração do Pai Nosso é que não é uma oração mediadora sacerdotal mas comunitária. Jesus não ora em nosso lugar, não intervém em nosso favor e tampouco o faz em seu próprio nome. O Pai Nosso é uma oração na qual Jesus convida seus seguidores/as a tomarem seu lugar e a tomarem parte no seu espaço privilegiado para estar em estreita ligação com Deus. O Pai Nosso é uma iniciativa de orar em comunidade e é movida pela experiência da intimidade com Deus. Por ela, Jesus toma seus seguidores/as pela mão e os acerca desta relação de intimidade que lhe é familiar. E, ao fazê-lo, quebra a noção do espaço sagrado individual. Sem abandonar a realidade em que seus seguidores/as vivem, abre-se a possibilidade de viver a intimidade em comunidade (Wetshelle: “On displacing Words, 29).

O Pai Nosso, entendido deste modo, afirma que orar é uma experiência de justiça. O justo é que o vivamos na dicotomia entre a terra esperando a chegada de Deus e os céus, que são a promessa oferecida. O justo é que, se o reino de Deus é chegado em parte, possa-se viver essa parte intensamente. E esta justiça se dá por iniciativa de Jesus. O compartir do espaço de oração nos convida a nos envolvermos numa relação enraizada no sentido da vida, na realidade da carência do pão, de seus desafios e, por sua vez, também na esperança de que Deus responde porque conhece nossas necessidades, mesmo antes que lhe digamos (Mt. 6:8).

No Pai Nosso, e especialmente no pedido pelo pão, Jesus ora com a intenção de despertar a memória do passado, mas também de chamar a atenção para nosso presente. Os plurais “pão nosso” e dá-nos hoje” têm esta intenção. São plurais que conscientemente envolvem. São plurais coletivos e, portanto, uma exigência e um convite para que o pão seja desfrutado em coletividade. O pedido é pelo presente, mas também implica que o pão já foi concedido, é nosso, e, portanto, é justo que o reclamemos. Neste sentido, cada vez que oramos o Pai Nosso e, especificamente, cada vez que pedimos pelo pão, tomamos o lugar de Jesus e reclamamos (exigimos) o que nos faz falta.

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Autor(a): Portal Luteranos - IECLB
Âmbito: IECLB
ID: 9110
Quando Deus parece estar mais distante, mais perto de nós Ele se encontra.
Martim Lutero
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