Paz na Criação de Deus - ESPERANÇA E COMPROMISSO

19/04/2011

O Evangelho, a Boa Nova, surge num contexto de economia, longe de desperdícios ou de coisas supérfluas. A vinda de Cristo ao mundo não foi cercada de ouro ou de luxo, mas de coisas bem simples e naturais. Ele não nasce num castelo, em meio a intelectuais e poderosos, mas numa manjedoura, envolto em simplicidade, pastores e animais.



Apesar da difícil missão de salvar o mundo, Cristo não causou uma crise econômica em seus ouvintes. Ao contrário, os afortunou, ensinando que a verdadeira riqueza está presente nas coisas simples da vida, amigos, perfumes, comunhão, pão, vinho, água, perdão. Subsídios fáceis de se conseguir, e, mais fáceis ainda, de se multiplicar. Num contexto não muito miserável, prevalecendo a solidariedade e a comunhão, pão e água não faltam quase nunca (Mt 14.20). Por outro lado, também ensinou que as coisas supérfluas, status, privilégios (Lc 15.29), poder, são difíceis de se conseguir. Na riqueza, o ouro e o luxo quase sempre faltam.

Ensinou a ser como os passarinhos, confiantes em Deus, não escravos da ansiedade, inconformados com as limitações; eufóricos com o lucro. Ensinou que não é o corpo que é insaciável, alimentou multidões, mas sim, os desejos, a fantasia. Sentar a esquerda ou a direita de Deus (Mt 20.21) ou querer ser Deus. Difícil ser feliz assim, ilimitados, tentados, inclinados ao consumo, vícios e ao poder. Fácil prenúncio; insatisfação, futilidade e infelicidade humana; destruição da criação.

Mas, afinal, quem sabe se contentar apenas com o necessário? Redescobre esse segredo, talvez de uma “pobreza feliz”, de um estado de bem estar, Francisco de Assis. Que liberta o corpo, escravo de tantos vícios, e vive a partir de coisas simples e naturais. Inspira-nos Spinoza: “é próprio de uma pessoa sábia, servir em sua refeição, para a reparação de suas forças, também perfumes, adorno das plantas verdejantes, a música, os jogos que exercitam o corpo, os espetáculos e outras coisas da mesma sorte, de que cada um pode fazer uso sem prejuízo para outrem”.

Não se trata de uma apologia a pobreza ou condenação da riqueza, mas de um resgate para um bem estar do ser humano, que olha para a diversidade da criação/criatura conciliada com a integridade/bem estar do ser humano. Economize, multiplique, diversifique o seu “cardápio de vida”.

P. Edélcio Tetzner Pastor da IECLB em Resende/RJ.

O que o Senhor planeja dura para sempre. As suas decisões permanecem eternamente.
Salmo 33.11
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