SOLOS, SEMENTES, SEMEADORES, SEMEADORAS.

Mateus 13.1-9; 18-23

11/08/2014

Conta-se que certa vez durante um culto um pastor percebeu que uma criança ouvia atentamente seu sermão, porém tapava um dos ouvidos com uma das mãos. Ao final do culto, intrigado, o pastor foi até a menina e perguntou porque ela tapava um ouvido enquanto ele pregava. E ela respondeu: “Minha mãe disse que tudo o que ela falava para mim entrava por um ouvido e saia pelo outro. Por isso eu fechei um pra ficar tudo aqui dentro.”

Parábolas são histórias ilustradas com fatos do dia-a-dia, com o objetivo de trazer ensinamentos acerca da sabedoria, da moral ou da religião. Jesus fazia uso deste expediente para transmitir lições de vida às pessoas. No caso de Mateus 13 temos um capítulo completo sobre o tema das parábolas. Ao todo são 7 parábolas contadas por Jesus para ilustrar sobre o REINO DOS CÉUS. Uma delas é a conhecida “Parábola do Semeador” ou como também é possível chama-la de “Parábola dos Solos”, ou “Parábola das Sementes”. 3 “Ss” que nos podem desafiar tanto para aspectos pessoais, quanto a desafios eclesiais, mas também a aspectos sociais da fé e da vida cristã hoje.

Em nossas vidas, por diversas vezes, deparamo-nos com as mais variadas situações. Ouvimos a mensagem do Reino, mas nem sempre a entendemos. Outras vezes, a percebemos, e de imediato a aceitamos com alegria, mas não nos aprofundamos nela, ela não cria raízes em nós. Em outras ocasiões, ouvimos a mensagem, mas permitimos que as preocupações deste mundo e a ilusão das riquezas a sufoquem, de modo que a nossa fé não produz frutos. Mas, graças ao bondoso Deus, nem toda semente se perde. Uma parte dela germina, cresce e produz frutos em nós.

Cada um de nós poderia refletir e pensar: como a semente da Palavra de Deus tem crescido e frutificado em sua vida? Que tipo de solo cada um tem sido? Olhar para trás e observar quanto coisa Deus já transformou, desenvolveu, fez crescer, frutificou em sua vida. Olhar também para o presente e identificar qual solo melhor caracteriza você hoje. Na parábola, ¾ das sementes caíram em solos que não frutificaram. Que ameaças internas e externas estão impedindo que você frutifique? Há aves, espinhos e pedras atrapalhando tua vida com Deus?

Na parábola dos solos, Jesus mostra que nem sempre o semeador vai encontrar um solo que logo produz fruto. Nem sempre a palavra de Deus encontra solo fértil para frutificar. Assim também podemos nos perguntar: “Que tipo de solo já foi nossa Comunidade?”; “Que tipo de solo tem sido nosso grupo de estudo bíblico, nosso grupo de jovens, nosso grupo de casais...?” “Que tipo de solo melhor caracteriza nosso momento como Comunidade hoje?” E finalmente, “Que tipo de solo nós queremos ser a partir de hoje?” Caso o momento de sua Comunidade seja de ameaças ao cultivo, plantio e frutificação da Palavra de Deus, juntem-se para ESPANTAR AS AVES, RASTELAR AS PEDRAS, QUEIMAR OS ESPINHOS, ARAR A TERRA.

Como já ouvimos ou falamos, “muitas vezes a melhor defesa pode ser o ataque”. A parábola dos solos nos remete à parábola do semeador, da semeadora. Um verbo que talvez poucas pessoas tenham percebido na leitura e estudo desta parábola é “SAIR”: Jesus “saiu de casa” (v.1) e o semeador “saiu ...para espalhar sementes” (v.3). Percebo que atualmente cada vez mais as pessoas querem sair menos de casa. Já trabalham, estudam, correm e quando chegam em casa se acomodam e querem ficar no aconchego do lar, da sala, da TV, do computador. Na verdade a tendência é que as pessoas querem ficar cada vez mais dentro de si, ensimesmadas.

Por isso, um caminho para a Comunidade limpar o “meio de campo” que está atrapalhando o seu frutificar, é ela mesma sair de si mesma e ser comunidade semeadora.

A função de uma comunidade semeadora é:

        1º) Sair de casa para semear amor ao próximo ou mesmo para se permitir uma semeadura da Palavra. Esta já foi a função dada aos 11 conforme Mateus 28... “Ide!”

         2º) Espalhar a semente. Semear despreocupadamente, indiscriminadamente. Ser comunidade que lança a semente em todos os solos, sem medo de desperdício ou investimento em sementes, sem fazer seleção de solos, pessoas ou gentes. Um semear com esperança.

      3º) Não desanimar quando os frutos da nossa fé e missão não são tão abundantes e tão imediatos como gostaríamos. Perseveremos e continuemos semeando a boa semente do Reino – esta é a grande tarefa. E deixemos que o Senhor dê o crescimento ao seu tempo.

Há nesta semeadura uma tarefa social, mais ampla a ser assumida e vivida. A Palavra se semeia nos campos das gentes, das pessoas. Assim semeamos com nossos gestos, com nossos corpos, com nossas palavras. Semeamos em casa, na comunidade, no trabalho, nas vias, nas vidas, nas cidades.

Friedrich Nietzsche nasceu e cresceu num lar cristão, estudou teologia e entrou na história como um dos ateus mais radicais conhecidos. Esta frase dele talvez explique sua posição: “Os cristãos deveriam parecer mais salvos para que eu pudesse acreditar em seu Salvador.” Acreditar no Salvador tem a ver com o jeito dos cristãos lidarem com a vida, com as pessoas, com a criação de Deus – aí estava sua dificuldade. É verdade que o campo, o solo, nem sempre é receptivo, como não foi receptivo para o próprio Jesus. Independente da dureza do campo ou dos intemperes e as dificuldades, a nós cabe semear, testemunhar, viver com alegria, esperança e autenticidade. DEUS FARÁ A NOSSA SEMEADURA CRESCER E GERAR BONS FRUTOS, proporcionais a seu querer e graça.

Quando preguei sobre este trecho do evangelho nos últimos domingos aqui na Área Missionária no Leste de Minas Gerais e Extremo sul da Bahia, fiz um convite aos presentes. Ofereci “pinhões” (semente, fruto das araucárias) que eu havia trazido do Paraná e desafiei a que os semeássemos por aqui, nesta região que vivemos. Combinamos de preparar uma terra bem boa, coloca-la dentro de uma caixa de leite vazia. E ali enterrar aquele pinhão e cuidar dele. Combinamos de mais a frente, caso os pinhões vingarem a gente juntar as mudas e decidir juntos o que fazer com elas. Um exercício, para ilustrar firmar bem a importância e o significado desta parábola para todos e todas. A distribuição dos pinhões se deu enquanto cantávamos: “Põem a semente na terra, não será em vão. Não te preocupe, a colheita, plantas para o irmão.”

 


Autor(a): P. Evandro Jair Meurer
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 13 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 23
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 29407
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Hoje, tenho muito a fazer, portanto, hoje, vou precisar orar muito.
Martim Lutero
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