Vinde a mim, todos que estais cansados e sobrecarregados

07/05/2012

“Vinde a mim, todos que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”.
(Mateus 11.28)

Muitos vivem cansados e sobrecarregados. Muitos não encontram um ouvido, um ombro e um aconchego para aliviar a dor. O Escritor Judeu Elie Wiesel escreveu algo que merece nossa reflexão: “Uma palavra chave para a minha visão de mundo é: A luta contra a indiferença. Eu sempre acreditei que o contrário de amor não é o ódio, mas a indiferença. O oposto da fé não é a arrogância, mas a indiferença. O contrário da esperança não é a dúvida, mas a indiferença”.
A ausência de amor, fé, esperança não tem necessariamente, segundo Elie Wiesel, a ver com ódio, arrogância e dúvida, mas muito mais com a indiferença. A indiferença é para ele a forma mais profunda de desesperança, o contrário da confiança e o absoluto prejuízo do amor.
Coisas ruins não acontecem só onde pessoas agem com malignidade, mas também lá onde as pessoas se tornam indiferentes. Quanto sofrimento não acontece nos lugares onde passamos de forma indiferente e desatenta pelo que atingiu o outro? Quanto sofrimento não acontece nos lugares onde fechamos os nossos olhos ou silenciamos diante do que aconteceu com o outro?
Jesus abre seus braços para cada um de nós e diz: Vinde a mim! Jesus não é indiferente. Jesus sabe que todos nós precisamos em algum momento de assistência. Há palavras sábias que dizem: “Quem quer o outro carregar, precisa primeiro se sentir carregado”. “Quem quer cuidar do outro, precisa primeiro se sentir cuidado”.
Não faz muito tempo li o livro “die Weisse Rose”, que fala da execução de Christoph Probst e dos irmãos Hans e Sofhia Scholl que se opuseram ao regime nazista de Adolf Hitler. O que me impressionou é a visita e o diálogo de despedida, poucos momentos antes da execução, que Sophia tem com os seus pais Robert e Magdalena Scholl.

Sophia, com 21 anos, superou todo o processo e o julgamento com muita força e coragem. Com muita seriedade ela aceitou a sua condenação. Agora ela está pela última vez diante dos seus pais, que nada sabiam do seu envolvimento com a distribuição dos panfletos contrários as ideias de Hitler. Neste último encontro não se ouvem acusações e palavras de repreensão por parte dos pais. O pai se dirige a filha e diz: “O que você fez estava certo”.
E quando chega o momento final da despedida, a mãe pergunta: “E Jesus?” e Sophia olha para ela e responde: Sim... e vocês? Estas palavras me comoveram sobremodo, pois mostraram de onde Sophia buscava sua força: Por ela se sentir amparada e carregada pela sua fé em Cristo e pelo carinho e amor de seus pais, ela própria consegue carregar um peso e assumir responsabilidade. Por ela se sentir carregada, ela consegue seguir neste momento pelo difícil caminho da sua vida.
Como é consolador quando nos momentos mais difíceis e angustiantes podemos encontrar na fé em Cristo a força que nos carrega e alivia. Como é bom ter um pai e uma mãe, amigos e amigas que mostram preocupação conosco.
Jesus Cristo, o Bom Pastor, nos abençoa com a fé que carrega, alivia e que não nos deixa indiferentes com quem está a nossa volta.
Em Jesus está à chave para o alivio de nossas tensões, cansaços, sobrecargas, mas também uma pergunta a mim como cristão: Os meus gestos ainda aliviam os cansaços e sobrecargas dos que estão a minha volta? Ainda tenho tempo para ouvir e deixar o outro se aconchegar no meu ombro? No que me tornei indiferente nos últimos tempos? O que me carrega, quando ajudo outros? O que me carrega quando não consigo ajudar o meu próximo?
Senhor, graças te damos pela fé em Teu Filho Jesus Cristo. É esta fé que alivia meus cansaços e sobrecargas. É esta fé que nos irmana para ser comunidade que não é indiferente, porém ombro amigo e alívio na hora das dores e sofrimentos. Amém.


Autor(a): Ernani Röpke
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Cantareira (Tremembé - São Paulo-SP)
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 10 / Versículo Inicial: 28
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 14187
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Mesmo que não sejamos cristãos tão bons como deveríamos ser, e somos ignorantes e fracos tanto na vida como na fé, Deus ainda assim quer defender a sua Palavra, pela simples razão de ser a sua Palavra.
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