A convite do Sínodo Sul-Rio-Grandense o Prof. Dr. Martin N. Dreher esteve em Pelotas. Além de sua palestra na Comunidade Martim Lutero, Três Vendas, Pelotas, sob o tema: ´O pensamento de Martim Lutero´, o historiador e pastor emérito, faria a assessoria da Atualização Teológica, reunindo ministros e ministras do sínodo. Esta, no entanto, foi cancelada devido ao falecimento em acidente de trânsito do pastor Guilherme Klein. Mas como o professor já estivesse em Pelotas, quando da notícia do trágico falecimento, este proferiu a palestra que aconteceria no dia seguinte.
Assim, na noite de 22 de abril, no Salão da Comunidade Martim Lutero, o P. em. Martin N. Dreher palestrou para um público de 250 pessoas. Coube à Paróquia Três Vendas acolher o palestrante, o que aconteceu através da saudação da Pa. Mahira A Boettcher e das canções entoadas, juntamente com a comunidade, pelos Pequenos Cantores de Cristo.
Sob o tema: ´O pensamento de Martim Lutero´, o Pastor Martin N. Dreher expôs para o público presente um resumo do pensamento do reformador Martim Lutero, base para a expressão evangélico-luterana da fé cristã. Dreher destacou, em primeiro lugar, o primeiro mandamento e a explicação do reformador: Devemos temer e a amar a Deus e confiar nele sobre todas as coisas. Cada vez que o ser humano quer chegar a Deus por forças próprias acaba colocando-se no lugar de Deus e não deixa Deus ser Deus. Esse é o grande grito da reforma: Vamos deixar Deus ser Deus! Vamos aceitar Deus assim como ele é. Deus assim como ele é encontra sua expressão na descoberta de Lutero que designamos de Justiça de Deus. Deus aceita o ser humano assim como ele é, incondicionalmente. A justiça de Deus é diferente de nossa justiça. Ele transforma a pessoa e torna-a justa. Não exige dela que primeiro se torne justa para depois ser aceita por ele. Isso é uma troca maravilhosa. Mais maravilhosa ainda é, pois Deus assume o lugar do pecador, seu pecado, para que o ser humano tenha tudo o que é de Deus, perdão, vida nova, felicidade de poder designar Deus de Pai, pois ele se tornou pai e irmão em Jesus.
Para chegarmos a uma compreensão mais profunda disso, afirmou Dreher, é necessário que, ao lermos a Bíblia saibamos distinguir entre Lei e Evangelho. A Lei só nos mostra que somos incapazes de agradar a Deus e de fazer sua vontade. O Evangelho, ao contrário, nos fala do amor incondicional de Deus. Para mostrar com plasticidade esse amor de Deus, o palestrante falou da grande redescoberta de Lutero ao apontar para a cruz. No crucificado temos o rosto de Deus voltado para nós. Não conhecemos Deus de outra maneira do que seu lado voltado para nós no crucificado. Deus tem a ousadia de se mostrar disforme, no contrário do que ele é, por amor. Só reconhecemos, verdadeiramente, a Deus nas chagas do crucificado. Tudo o mais é construção humana e se volta contra o primeiro mandamento. Daí, Dreher falou de como Lutero lê e interpreta a Bíblia: Bíblia é uma manjedoura na qual Jesus está deitado; se não o encontrarmos, só temos palha. Jesus é o critério para a leitura da Bíblia. Ele nos ajuda a entendê-la, pois é seu centro.
Dreher concluiu sua exposição, falando da igreja na compreensão de Lutero. É a comunhão dos santos, das pessoas santificadas pelo Deus que as aceita incondicionalmente. Ele demonstra essa aceitação no Batismo e fortalece sua comunidade com seu corpo e sangue, com sua palavra que designamos de Jesus. Batismo, Santa Ceia, Palavra e Mútuo Consolo dos Irmãos são os meios dos quais Deus-Espírito Santo se vale para manter, preservar e enviar comunidade ao mundo. É através da comunidade, da igreja, que Deus realiza sua missão no mundo. Como seus instrumentos, salvos por ele, colocamos sinais de seu amor em relação a sua criação, plantando macieiras e pagando as dívidas. A ética para a salvação de nosso mundo depende dos que foram salvos por Deus, em Jesus, e que vivem dessa certeza pela ação do Espírito Santo.
Logo após a palestra Erny Mügge da Editora Oikos expôs, com venda ao público, vários livros de autoria de Martin N. Dreher, obras de história do povo luterano e sobre a reforma luterana. O destaque coube a duas obras, em fase de lançamento: ´190 anos de imigração alemã no Rio Grande do Sul - esquecimentos e lembranças´ e ´Wilhelm Rothermund, Seu Tempo - Suas Obras´. Além de convidado pelo Sínodo Martin Dreher esteve na região Sul do RS a convite das prefeituras de Rio Grande e de São Lourenço do Sul, onde palestrou sobre os ´190 anos de imigração alemã no Rio Grande do Sul´.
Divulgação: Sínodo Sul-Rio-Grandense
