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A lama do Rio Doce chegou ao Espírito Santo

17/11/2015

Na primeira semana de novembro deste ano duas barragens de rejeitos de mineração da mineradora Samarco se romperam, a de Fundão e a de Santarém, na cidade de Mariana, Minas Gerais, causando um desastre ecológico imensurável, além de destruir totalmente a vila de Bento Rodrigues e ceifar quase uma dezena de vidas.

A lama atingiu em cheio a calha do Rio Doce. No dia de ontem (16) a onda de lama e rejeitos de minério chegou ao Espírito Santo, passando pela cidade de Baixo Guandu. Nos próximos dias ela deverá chegar a Colatina e Linhares.

Por ser uma lama com rejeitos tóxicos, como ferro, manganês, alumínio, arsênio, chumbo e outros, a água se torna imprópria para uso, mesmo sendo tratada, e a fauna do rio está sendo devastada. Segundo o prefeito Neto Barros, de Baixo Guandu, toda a tabela periódica foi encontrada no rio.

O fotógrafo e ambientalista Sebastião Salgado disse numa entrevista: “O que está acontecendo agora, com o rio, é o que acontece com um corpo que levou uma punhalada. A mancha que vem descendo e cobrindo o fundo do rio está esterilizando toda sua vida biológica. Os ovos dos peixes estão sendo soterrados. Não vão nascer mais tartarugas, rãs, sapos e todas as plantas aquáticas vão deixar de existir. Por onde passa, essa lama esteriliza tudo. É o maior acidente ecológico que já aconteceu nesse rio. Talvez o maior do Brasil”. (http://agazeta.redegazeta.com.br/_conteudo/2015/11/noticias/cidades/3914722-sebastiao-salgado-fala-sobre-a-situacao-do-rio-doce.html)

Para enfrentar os efeitos devastadores da lama, os Poderes Públicos municipais, estaduais e federais estão colocando em prática ações mitigatórias para garantir o acesso à água potável à população e salvar uma parte da vida aquática.

No último dia 13, o deputado federal Givaldo Vieira convocou as lideranças políticas e comunitárias para um debate sobre a Crise Hídrica e os Impactos da Lama de Rejeitos no Rio Doce. Na ocasião, o prefeito de Colatina Leonardo Deptulski anunciou quais as ações que estão sendo tomadas para atenuar a passagem da lama e garantir água à população.


Em Baixo Guandu
Na cidade de Baixo Guandu, que tem 22 mil habitantes, a captação de água do Rio Doce já foi cortada. A alternativa foi coletar água no Rio Guandu, numa represa de uma antiga usina de geração de energia que estava desativada. O prefeito Neto Barros, em protesto contra a Samarco, chegou a bloquear a ferrovia com tratores e um caminhão, mas teve que retirar por ordem da justiça, sob pena de a prefeitura ser multada em R$ 50.000,00 e ele em R$ 25.000,00.


Em Colatina
A cidade de Colatina, com 122 mil habitantes, tem a situação mais dramática. A única fonte de captação de água é o Rio Doce. Como não tem outro rio por perto, com volume de água suficiente, o jeito encontrado foi buscar água mais longe.
Adutoras. Duas adutoras estão sendo concluídas com canos de engate rápido, muito utilizado para o enfrentamento da seca no Nordeste, podendo ser construído até 2 Km por dia, para trazer água da Lagoa do Limão (município de Marilândia), e da Lagoa do Batista, uma de cada lado do Rio Doce. A previsão é atender até 70% da demanda.

Caminhões-pipa. Além das adutoras, 10 caminhões-pipa buscarão água tratada em Linhares, diariamente, para atender as escolas, hospitais e presídio. Outros caminhões-pipa buscarão água nas lagoas de Linhares para serem tratadas em Colatina.
Poços artesianos. Outra opção de captação de água são os poços artesianos que estão sendo construídos pela Samarco. Serão seis poços de mais de 100 metros de profundidade, três de cada lado do Rio Doce. Com os caminhões-pipa e os poços artesianos, pretende-se atender os outros 30% da demanda.

Caixas d’água. Nos pontos mais altos da cidade, serão instaladas 52 caixas d’água com capacidade de 10 mil litros cada, fornecidas pela Fortlev, e esse trabalho será coordenado pelos homens do 38º Batalhão de Infantaria do Exército de Vila Velha. Os militares permanecerão na cidade por tempo indeterminado.

Operação Arca de Noé. No meio dessa tragédia, bonito é ver o esforço de pescadores da Associação de Pescadores Amadores de Colatina – Apesc e outros voluntários, para salvar espécies nativas do Rio Doce ameaçadas pelo mar de lama. Mais de 30 barcos e 50 pessoas estão envolvidas na operação, usando redes, tarrafas, puçás e peneiras. Carás, traíras, piau-vermelho, dourados, tucunarés, moreias, lagostas, cascudos e peixe-agulha são algumas das espécies resgatadas. O bagre africano não será resgatado por ser um peixe invasor e depredador. Todos os peixes estão sendo levados para a Lagoa do Limão e Lagoa Cobra Verde. A operação ganhou o nome de Arca de Noé e tem o objetivo de garantir o repovoamento depois que a onda de lama passar. Mais de 500 mil exemplares já foram capturados.


Em Linhares
Linhares é a única que não tem a captação de água do Rio Doce. Por isso não haverá problema para a população. A captação de água do município é feita no Rio Pequeno, que recebeu serviços de contenção e barramento para não ser atingido pelas águas do Rio Doce.


E o futuro?
Especialistas dizem que é difícil calcular os prejuízos ambientais e quanto tempo vai durar a sua recuperação. Segundo matéria do jornal A Tribuna, de domingo, 15 de novembro, p. 6, o doutor em Ciências Biológicas e Zoologia pela USP, e professor na Ufes, Luiz Fernando Duboc, o impacto é incalculável, mas a natureza acaba se recuperando de alguma forma. Ele afirma: “O Rio Doce não é só um rio. Ele tem vários afluentes que não foram afetados por esse problema. Ele tem seus ciclos, essa lama vai descer, com as chuvas vai sendo levada e o rio vai se limpando. Só não há como precisar quanto tempo isso vai demorar”.

Na mesma matéria, o professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas, Carlos Alfredo Joly, explica que dificilmente será revertido o impacto da lama na biodiversidade. E se referindo à mata ciliar, arremata: “Nenhum de nós viverá para ver a vegetação voltar a ser como era”.


Infelizmente, é mais uma das muitas tragédias que nos acostumamos a ouvir e noticiar. Os órgãos públicos e as instâncias fiscalizadoras estão aí para punir os responsáveis e fazer cumprir o que determina a lei. Nós estamos aí para nos solidarizar com os que mais sofrem com a morte de um rio, que já agonizava pela seca e pelos assoreamentos, e agora jaz, aguardando a ressurreição.

Oremos pelas dores do mundo inteiro!


Autor(a): Pastor Sinodal Joaninho Borchardt
Âmbito: IECLB / Sinodo: Espírito Santo a Belém
ID: 35828

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