Sínodo Sudeste



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VIDAS EM COMUNHÃO

10/03/2014

O Brasil é hoje a quinta nação mais populosa do mundo, com um total de 194 milhões de habitantes, segundo dados do IBGE de 2011.

A população urbana do Brasil é de 85%, com os restantes 15% permanecendo na área rural. Na nossa região sudeste, a população em área urbana perfaz 93%, com somente 7% em área rural. As cidades mais populosas do Brasil estão na Região Sudeste: 1. São Paulo, com 11 milhões e 800 mil habitantes, 2. Rio de Janeiro, com 6 milhões e 400 mil habitantes e 3. Belo Horizonte, com 2 milhões e 400 mil habitantes, perfazendo um total de 20 milhões e 200 mil habitantes nestas três cidades, ou seja, em números redondos, cerca de 10% da população brasileira concentra-se nestas três cidades.

Para termos idéia do crescimento da população urbana no Brasil, vejamos a evolução da mesma desde 1940.

1940 – 31%
1950 – 36%
1960 – 45%
1970 – 55%
1980 – 68%
1990 – 75%
2010 – 85%

Um dado que nos interessa enquanto Igreja, é que 90% da população brasileira é cristã. Dentre estes que se declaram cristãos, 70% são católicos e 30% são evangélicos.

Os luteranos no Brasil somam cerca de 01 milhão de pessoas, sendo que 220 mil são da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) e os restantes 780 mil são da nossa Igreja. Se formos ver, somos cerca de 0,5% (meio) por cento da população brasileira.

II.

O tema e o lema do ano querem nos fazer refletir sobre a pergunta: COMO SER IGREJA NA CIDADE.

Olhando para a Bíblia, vemos que existem dois conceitos sobre a cidade:

1. Negativo. Têm-se como exemplo a Babilônia, Sodoma e Gomorra, que atraem a condenação divina, sendo o símbolo dos pecadores.
2. Positivo. Aqui, não podemos deixar de falar de Jerusalém, onde se descreve que deus amou Jerusalém como um esposo ama sua esposa e Apocalipse a descreve como a cidade que Deus ama.

Se formos analisar de forma mais específica, vamos constatar que não interessam a Deus as cidades em si pelo fato de serem cidades. Os conceitos negativos e positivos são de acordo com o que acontece na cidade.

Babilônia, Sodoma e Gomorra têm conceito negativo pela idolatria e pela promiscuidade, por ser sede do poder opressor contrário a Deus. São cidades do pecado.

Jerusalém é cidade santa por ter o Templo, que guarda a Arca da Aliança com as tábuas dos Dez Mandamentos, onde se preserva a verdadeira fé israelita, a adoração única a Javé, o Deus criador e mantenedor de todas as coisas.

Mas até mesmo Jerusalém não está isenta da condenação divina se houver desvio do caminho do Senhor. Todos conhecemos as palavras de Jesus sobre Jerusalém em Lucas 13.34: “Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os mensageiros que Deus lhe manda.” E também Lucas 19.41-44: Quando Jesus chegou perto de Jerusalém e viu a cidade, chorou com pena dela e disse: - Ah! Jerusalém! Se hoje mesmo você soubesse o que é preciso para conseguir a paz! Mas agora você não pode ter isso. Pois chegarão dias em que o inimigo vai cercá-la com rampas de ataque, e vão rodeá-la, e apertá-la de todos os lados. Eles destruirão completamente você e todos os seus moradores. Não ficará uma pedra em cima de outra, porque voe não reconheceu o tempo em que Deus veio para salvá-la.”

De tal forma que o que se anuncia é a purificação de Jerusalém, não sua destruição. No final dos tempos, virá a Nova Jerusalém, purificada onde Jesus sentará no seu trono e do seu trono sairá o rio da água da vida que passa pela rua principal da cidade.

Há que se considerar ainda que é na cidade que moram os opressores, os reis que dominam, lá está o exército opressor, ao passo que no campo estão os que são oprimidos, os pobres.

III.

Se formos olhar para nosso Brasil, veremos que há muitos problemas na questão das cidades:

1. Houve um grande inchamento das cidades: São Paulo tinha 2 milhões e 800 mil habitantes em 1960; saltou para 06 milhões em 1970 e hoje está com 12 milhões! Aumentou seu número de habitantes em 600% em 50 anos!
Petrópolis tinha 150 mil habitantes em 1960. Hoje, possui 300 mil. Um crescimento de 100% em 50 anos.
2. Com esse inchaço das cidades, há o problema habitacional, de infra-estrutura, com precariedade de tudo, desde esgoto, escola, saúde, segurança...
3. Violência
4. Desemprego
5. Pobreza.

Por outro lado, as pessoas buscam a cidade porque lá estão as oportunidades de emprego – no campo as oportunidades são mais precárias e limitadas.

IV.

Há toda uma nova realidade a ser enfrentada para quem saiu do meio rural. Saiu-se do interior, onde a vida era tranqüila, tinha um ritmo determinado pela colheita, onde havia um ritmo de vida ao qual se estava acostumado e salta-se para o desconhecido, para o novo. Não há mais a minha igreja, a praça, a sociedade onde todos iam no final de semana, o campo de futebol, os vizinhos que se conheciam desde a infância, os amigos.

Mesmo para os que já nasceram na cidade, o crescimento desenfreado, a modernidade, a urbanização fez com que houvesse tantas mudanças que a mesma sensação daquele que migrou do interior para a cidade esteja presente: a cidade não é mais a mesma. Petrópolis não é mais a mesma. Os vizinhos de infância já não são mais os mesmos. Hoje são, na sua maioria, ilustres desconhecidos. Mesmo na Comunidade, onde todos conheciam todos, isso não é mais realidade. Se não participamos com freqüência, já não sabemos mais quem é fulano, cicrano, beltrano.

Os valores que regiam a vida mudaram tanto. O que antes era certo hoje não é mais. E não entro aqui no mérito da questão, se as mudanças foram para melhor ou pior, foram certas ou erradas, mas no fato de que as mudanças são tantas e tão rápidas que ficamos meio tontos em meio a tudo o que acontece ao nosso redor. Se formos considerar o que aconteceu de mudança no mundo desde o fim da segunda guerra mundial, ficamos abismados.

Sintomático nessa situação é o fato de que as pessoas estão cada vez mais com distúrbios comportamentais, sendo o mais comum a depressão. 5% da população mundial sofre de depressão. No Brasil, este percentual é de 10! E é fácil de verificar isso com uma simples pergunta: quem de nós já não teve um episódio de depressão na vida? É também assustador o número de pessoas que consome os famosos “remédios para nervos”. Some-se a isso as pessoas que fazem uso de drogas ilícitas (maconha, cocaína, crack, para citar as mais conhecidas) e dos que buscam refúgio nas drogas lícitas, as bebidas alcoólicas.

IV.

Diante desta realidade, surge a pergunta: COMO SER IGREJA NA CIDADE?

Para responder a esta pergunta, parto de um pressuposto. Uma frase dita pela nossa amiga Elda Shedler:

- O mundo muda, mas o ser humano é o mesmo desde o início. Não mudou.

Se o ser humano não mudou ao longo da história, o que ele busca desde o princípio?

1. em primeiro lugar, é claro, suprir as necessidades básicas de sobrevivência: alimentação, vestuário, moradia, reprodução da espécie.
2. em segundo lugar, o ser humano busca afirmação, reconhecimento, paz, tranqüilidade, segurança, felicidade.

Por isso, é pertinente a afirmação de Jeremias: “Procurai a paz da cidade... porque, na sua paz, vós tereis a paz.” E Jeremias tem razão. Se TODOS procurassem a paz da cidade, teríamos uma cidade maravilhosa não só no nome. Mas a realidade não é esta, como bem o vimos. Jeremias nos dá a missão de procurar a paz da cidade. Por isso, devo:

1º - Não tornar a cidade ruim
2º - dar minha contribuição no sentido de tornar o lugar onde moro aprazível de se viver

E, olhando para nossa tarefa enquanto Igreja Cristã, devemos procurar fazer nossa parte tornando nossa Igreja um LUGAR ACOLHEDOR, onde a pessoa se sente segura, se sinta em paz, se sinta bem e onde deseja voltar porque sua experiência foi boa.

O pastor Dr. Oneide Bobsin escreve: “nossa prática pastoral permite afirmar que a adesão (à nossa Comunidade) tem se dado em função do ESPAÇO FAMILIAR ACONCHEGANTE que representa a Comunidade e por meio de alguns ritos.” (Pastoral Urbana – caderno de estudos da RE IV, nº 03, p. 16) E construir este ESPAÇO FAMILIAR ACONCHEGANTE depende de cada um de nós, não somente de mim enquanto pastor. Se cada um de nós não fizer a sua parte, não se criará este ESPAÇO FAMILIAR ACONCHEGANTE no qual as pessoas se sentem bem, se sentem em casa, acolhidas.

Não podemos nos iludir: não podemos consertar a cidade com todos os seus problemas, de tal forma a lhe extirpar todos os seus males. Podemos dar nossa contribuição como pessoas. Podemos dar nossa contribuição como Igreja, tornando o lugar onde estamos vivendo um ESPAÇO FAMILIAR ACONCHEGANTE, onde quem se aproxima se sente acolhido, bem quisto, seguro, tranqüilo, realizado, reconhecido, em paz.

E orar para que haja paz na cidade.

“Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor, porque na sua paz vós tereis paz.” (Jeremias 29.7)

Que assim possamos dar nosso testemunho. Amém.
 


Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 27181

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