No dia 23 de junho de 2023 foi lançado o relatório 2023 da Igreja que Sofre com números da violência religiosa no Brasil e no Mundo. O relatório traz dados dos anos 2021 e 2022 e é elaborado pela Fundação Pontifícia ACN, instituição da Igreja Católica Apostólica Romana.
P. Sin. Marcos Ebeling esteve à mesa de diálogo com Dom Odilo Pedro Scherer (Igreja Católica), Mãe Carmem de Oxum (Candomblé) e Sheik Mohamad All Bukai (Islamismo). Ressaltou a importância do relatório, da liberdade religiosa sobretudo no Brasil, da tolerância mútua entre as igrejas, da necessidade de ações das Igrejas e do Estado para minimizar sofrimentos. Deu especial atenção ao escândalo que o relatório é por si só quando religiões, em nome do Deus que é amor (1 João 4.8), são agredidas e agressoras.
Sobre o relatório:
a) no Brasil a liberdade de crença é garantida pela Constituição Federal de 1988, mas nem sempre respeitada. O Disque Denúncia (Disque 100) recebeu em 2021 o relato de 583 ataques à liberdade religiosa. Para dimensionar, foram 14.000 casos de cárcere privado, violação da liberdade de circulação e trabalho escravo. Também preocupantes são os dados coletados pela Safernet (Associação civil de promoção e defesa dos Direitos Humanos na Internet) que registrou um salto de 614 queixas no primeiro semestre de 2021 para 3.818 casos no primeiro semestre de 2022. Esta mesma associação constata que em anos eleitorais há aumento de casos de violação aos direitos humanos no Brasil. O relatório também aponta que no Brasil as religiões afro-brasileiras sofreram as maiores violações da liberdade religiosa e que, entre as agressoras, estão igrejas evangélicas. O testemunho oferecido à mesa de diálogo confirma a realidade dos números.
b) no mundo, porém, a situação é ainda mais grave. O relatório constata que, em 2021, a liberdade religiosa foi violada em quase um terço dos países do mundo (31,6%). Neles vivem 2/3 da população mundial, ou seja, de 196 países, 62 enfrentam violações muito graves da liberdade religiosa. A liberdade religiosa é violada de muitas formas: por leis que defendem a maioria e impõem limitações às minorias religiosas; por regimes autoritários e califados que não permitem a liberdade religiosa; por manipulação do material escolar; por perseguição e proibição de culto; por cultura do cancelamento; e até casos “educados” quando a violência vem travestida de aparência democrática. Constata o relatório que isto tudo se dá com o silêncio da comunidade internacional.
A fé cristã confessada na forma luterana não emitirá opinião de juízo e julgamento sobre outra forma de crer. Caminhará junto no essencial, respeitará o que distancia. Para marcar sua posição não fará uso da violência e do ódio – sempre serão recriminados com veemência, mas fará o Cristo pediu: amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei (João 13.34). O amor é a opção que Deus nos dá para promover a reconciliação. Este nosso ministério.
Você pode ver a íntegra do Diálogo de lançamento do relatório no link abaixo:
Em vermelho: situações de perseguição, crimes de ódio e violência religiosa
Em laranja: situações de discriminação, crimes de ódio e violência religiosa
Em cinza: casos de observação, há fatores de preocupação emergentes com potencial de causar uma ruptura fundamental na liberdade religiosa.
