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Discipul@s de Emaús

16/04/2015

Ceia de Emaús - Caravaggio
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Discípul@s de Emaús

Hoje a palavra de Deus vem através do Evangelho de Lucas 24.13-35 e nos fala do caminho de Emaús. A primeira coisa curiosa é que esses discípulos de Emaús não parecem ter sido do grupo histórico dos 12 - agora 11 - discípulos de Jesus (v.33). Parecem ser outros discípulos e discípulas de Jesus. Na verdade, eles parecem ser um símbolo para todos os discípulos e discípulas de Jesus. E esse texto ganhou especial destaque ao longo da história da Igreja, porque eles expressam o que sempre de novo se repete em cada um de nós: a fé que desanima pelas frustrações e a apatia toma conta de nossa mente e de nosso coração. Esse sentimento dos discípulos de Emaús se repete volta e meia na vida de muitos cristãos/as.

O evangelista Lucas não diz somente que os discípulos iam para Emaús, mas que fundamentalmente eles estavam fugindo de Jerusalém. O pastor foi ferido e as ovelhas se dispersaram (Mt 26.31 e Zc 13.7). Para esses discípulos, em Jerusalém tudo havia dado errado. Apesar da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, da euforia do povo dizendo Hosana (Bendito o que vem em nome do Senhor) mas, a partir daí tudo começou a dar errado. Claro que não foi por acaso, os líderes judeus se vingaram de Jesus. Mais uma vez os poderosos venceram. Acabaram com os projetos de libertação dos mais humildes. E ainda por cima, em Jerusalém o clima agora era de perseguição: Este também estava com Jesus (v.56); Você também é um deles (v. 58), Você estava mesmo com ele porque também é galileu (v.59).

Por isso, tá mais do que na hora de cair fora, de tratar de salvar a própria pele. Os discípulos não podiam mais ficar em Jerusalém. Por amor a própria vida, era preciso sair de Jerusalém o mais rápido possível e cada um – de cabeça baixa - voltar para sua casa. Frustração – decepção total.

E nesse passo rápido, começam a conversar consigo mesmos, como esses que– às vezes – nós também temos quando um problema nos sufoca, como um trauma que não nos deixa pensar em outra coisa. E com esses pensamentos de destruição da autoestima, de pessimismo em relação à vida, de frustração e decepção em relação as pessoas, eles nem perceberam que mais uma pessoa andava com eles. Era o próprio Jesus, mas eles não o reconhecem. Isso é bem típico de situações de depressão. Não conseguimos enxergar nada de novo, nem nada de positivo e nem nos damos conta de quem está de nosso lado.

Jesus caminha no mesmo passo acelerado e somente depois que eles já estão fora da cidade, quando ritmo do passo diminui, é que ele pergunta: O que é que vocês estavam conversando pelo caminho? (v17). O que aconteceu? (v.19)

Jesus se mostra interessado nas preocupações daqueles discípulos. Ele quer saber o que é que está lhes desanimando, por quê tanto desespero e por quê essa falta de fé. Jesus quer escutar o que causou neles tanta amargura em seus corações.

Os discípulos começam a falar. Falam de como era esse Jesus, os milagres que ele fazia, curou doentes, paralíticos, cegos, leprosos. Caminhou sobre a água e até mesmo ressuscitou mortos. Primeiro foi o filho de uma viúva na cidade de Naim, depois a filha de Jairo e recentemente ressuscitou Lázaro. Falavam dos ensinamentos de Jesus, e também dos fariseus e dos saduceus, que eram contra tudo isso que Jesus fazia. Aliás, é isso que dá afrontar os poderosos. Eles são gente perigosa. Passam por cima de qualquer um. Para os discípulos os últimos acontecimentos em Jerusalém foram uma tragédia, um total fracasso, uma vitória dos adversários de Jesus.

Depois de escutá-los, Jesus lhes pergunta: Mas, isso que aconteceu com Jesus, não era o que os profetas do Antigo Testamento já previam? Por acaso, o Messias não deveria sofrer e assim receber toda a gloria? (v. 26). E Jesus começa a mostra-lhes que as coisas não são o que parecem ser.

Jesus lhes mostra que a prisão, a crucificação e a morte de Jesus querem mostrar a radicalidade do amor de Deus. Um amor que não se acovarda, que não foge na hora H, um amor que não amarela no momento do perigo. O que Deus quis mostrar na crucificação de seu próprio Filho é que – mesmo nos momentos mais incompreensíveis – Deus não perde o controle das coisas. E a ressurreição é a demonstração disso. Nem mesmo a morte está fora do alcance de Deus.

Os olhos e as mentes dos dois discípulos vão se abrindo. Começam a enxergar que nisso tudo pode haver uma nova luz. O sol já está se pondo no horizonte, mas no coração dos discípulos começa a amanhecer. Por isso, um deles diz: Fica conosco porque já é tarde e a noite vai chegando (v.29). Assim podemos continuar conversando mais um pouco. Essa conversa nos faz bem.

“¡Que bom que estamos aqui! Vamos fazer três tendas e ficaremos por aqui” – diria Pedro (Mt 17.1-9). Diferente da história da transfiguração, desta vez Jesus ficou com os discípulos. A conversa foi avançando e na hora de comer, Jesus abençoou a comida. Nesse momento, os olhos dos discípulos de abriram e eles reconheceram que esse “estranho” era o próprio Jesus. Jesus está em sua casa. Está sentado na sua mesa. Ele não fracassou, ele está morto, ele vive.
E ao mesmo tempo que eles se abraçam de alegria, Jesus desaparece.

De repente, os discípulos se deram conta que a sua fuga de Jerusalém, foi algo errado. Foi um gesto de desespero. Que não deveriam ter escapado. Não existe fracasso para cair fora. Por isso, sem demora – mesmo sendo de noite - eles se levantam da mesa e voltam para Jerusalém. Voltar para Jerusalém significa voltar para a luta, mesmo que seja um lugar de dor.

E lá em Jerusalém eles se encontram com os outros 11 discípulos de Jesus e contaram o que havia acontecido na estrada e como reconheceram a Jesus no momento da benção sobre o pão. E todos escutam dos outros discípulos o que eles passaram e todos se dão conta que de fato existe uma outra interpretação dos acontecimentos.

Também nós hoje, somos os discípulos e discípulas de Jesus. E alguns de nós andamos perplexos, desanimados, deprimidos, preocupados com nossa própria segurança. Já desistimos de quase tudo e agora vamos levando a vida, preocupados apenas com nossa própria tranquilidade. Também hoje alguns de nós olhamos para trás e dizemos: Nós tínhamos tantos projetos e sonhos para nossa comunidade e para nossa vida, tantas coisas que já começamos e que com o tempo adormeceram. ....

Também em nossos caminhos – às vezes são necessários companheir@s de caminho – que se aproximem, que nos escutem e que compartilhem conosco outra vez o fogo da utopia, que inflame outra vez os nossos corações, que ressuscite dentro de nós a esperança. É por isso que essa história dos discípulos de Emaús está nos Evangelhos. Ela está aí para nos dizer que – volta e meia – nós mesmos nos sentimos assim como esses discípulos. E que quando nos sentimos assim, Deus não larga mão da gente, mas ele coloca pessoas do nosso lado para nos ajudar a reinterpretar os acontecimentos e reavivar em nós a esperança.

Peçamos o dom das lágrimas. Os hipócritas não sabem chorar (Papa Francisco). Uma única frase, curta e certeira. Como igreja, nossa missão é ajudar as pessoas a derramar suas lágrimas. Não para se lamentar pelo que não somos ou não temos. Como igreja, Deus nos chama a derramar lágrimas de solidariedade, de arrependimento e de alerta. Lágrimas proféticas, que denunciam tanto sofrimento, injustiça e exclusão. Ao mesmo tempo, lágrimas que anunciam esperança, de que a paz e a justiça um dia se beijarão.

Nesse sentido, gostaria de convidar a tod@s para o novo culto na Comunidade na Quarta-Quarta feira do mês., às 19h, Culto Especial onde queremos abrir um espaço para a cura interior.
Amem.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 24 / Versículo Inicial: 13 / Versículo Final: 35
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 32901

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