''Crônicas de Nárnia'' adapta evangelho para jovens e crianças

29/01/2006

 

Quem perder nos cinemas o filme as Crônicas de Nárnia – O leão, A feiticeira e O guarda-roupas, dirigido por Andrew Adamson (Shrek e Shrek 2), poderá conferi-lo na versão DVD, disponível em maio nas locadoras. O filme reproduz um dos sete livros que compõe As Crônicas de Nárnia, obra infanto-juvenil de C.S.Lewis, escritor e teólogo protestante inglês, que já vendeu 85 milhões de cópias em 29 idiomas e adapta a Bíblia a uma linguagem mítica que cria mundos imaginários povoados por seres inusitados como faunos, anões, centauros, feiticeiras e animais que falam. C.S. Lewis foi conhecido por sua peculiaridade de introduzir mensagens cristãs subliminares em suas obras, reproduzindo personagens e temas cristãos. Hoje, as histórias de Nárnia continuam a vender 6 milhões de livros por ano e calcula-se que mais de 60 milhões de pessoas já se encantaram com esse maravilhoso universo imaginário.

Motivado por sua biografia, fui conferir a película a fim de confirmar minhas suspeitas de que, também nesta obra, uma de suas obras-primas, estivesse a mensagem de Cristo. E as suspeitas se confirmaram: traição, amor ao próximo, perdão, lealdade e, é claro, o sacrifício vicário, a ressurreição, e a vitória definitiva do bem sobre o mal estão lá. Basta olhar com atenção.

O filme retrata o cenário da Londres sendo devastada por ataques aéreos na segunda guerra mundial. É nesse momento que os quatro irmãos Peter, Susan, Edmund e Lucy Pevensie são enviados por sua mãe ao interior do país para serem abrigados na grande casa de um excêntrico professor aposentado. É no seu mausoléu, aparentemente entediante, que as crianças, durante uma brincadeira de pique-esconde, descobrem um velho armário que na verdade é um portal para um mundo paralelo: Nárnia. É um mundo imaginário, mas que retrata o nosso mundo. Nárnia, que outrora fora uma terra paradisíaca, teria sido subjugada pelo poder da Feiticeira Branca, arquétipo de satanás que escravizou toda a criação condenando Nárnia a um inverno permanente que já perdura cem anos. A chegada dos quatro irmãos coincide com o início do cumprimento de uma profecia que ensinava que Aslam, o Rei Leão, viria para derrotar a feiticeira do mal e libertar Nárnia de sua condição maldita. Aslam é a figura de Cristo, o Leão de Judá que vence os poderes das trevas com seu auto-sacrifício, promovido em favor e lugar de Edmund, que havia se rebelado e traído seus irmãos, condenando-os. Ele, junto com seu irmão Peter é o filho de Adão e suas irmãs são as filhas de Eva, parodiando a humanidade corrupta. Justificados pelo espontâneo sacrifício do Rei Leão os irmãos Pevensie são convocados à batalha final contra a feiticeira e vencem. No fim, recebem a coroa da vitória e assentam-se entronizados ao lado do Rei Leão para governar Nárnia para sempre.

Ao retornarem para seu mundo real, muitos anos depois, regressam no exato momento em que partiram, desconsiderando as leis da física como tempo e espaço. O fim da película ainda reserva uma surpresa, já em meio aos créditos: acompanhado do velho professor a pequena Lucy espia para dentro do armário, ansiosa por reencontra-se com Aslam. O velho professor diz: “Ele voltará, um dia. Até lá fiquemos de olhos abertos”.

Crônicas de Nárnia consagra nas telas a genialidade de C. S. Lewis, que soube, melhor do que ninguém adaptar a Bíblia para combater o ceticismo moderno que dominou o mundo nos tempos dos grandes conflitos mundiais. Usou de uma linguagem simbólica para atualizar a mensagem de Jesus. Num tempo em que era mais possível crer em mundos imaginários do que na própria Bíblia, Lewis soube driblar o ceticismo com poesia, encanto e criatividade, a serviço do reino. Vale a pena conferir!

Fonte: Pastor Edson Ricardo Scherdien

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