No período de 23 a 26 de outubro tive a oportunidade de vivenciar o Curso Básico de Bibliolog. A minha experiência com essa metodologia se resumia à participação em um Bibliolog e aos relatos de colegas que já haviam realizado o curso anteriormente. Agora, como bibliologista, gostaria de traduzir em palavras um pouco do que este curso significou para mim:
No dia 23 de outubro, viajei para Porto Alegre como uma professora atarefada e pouco envolvida com a Bíblia, mas que se candidatou para representar a sua escola no curso para iniciantes no Bibliolog. Ao chegar, me encontrei com um grupo de mulheres e homens com diferentes caminhadas, idades variadas, conhecimentos e atuações muito diversas.
Desde o início da formação, me senti muito acolhida pelas canções, as quais cantávamos de memória, pelas orações e pelas leituras da bíblia intercaladas com as vozes que tornaram as experiências dos textos bíblicos tão presentes e próximos, como nunca havia experimentado e nem sequer imaginado. Embora estivéssemos juntos há apenas algumas horas e não soubéssemos os nomes uns dos outros, nos comunicávamos com uma linguagem comum que nos unia: a linguagem que aprendemos nas comunidades luteranas em diferentes cidades e regiões do país. Assim, senti-me parte de um grupo cheio de propósito e vitalidade para partilhar a fala e exercitar a escuta.
Essa linguagem cristã acordou memórias muito especiais, pois me fez recordar de vivências em família e em comunidade, além de me conectar com os meus colegas de curso. Esse repertório foi se compondo e se ampliando com a leitura aprofundada e convidativa da Bíblia, possibilitando a participação de viva voz e em primeira pessoa! E esse caminho foi trilhado ora com a vivência de Bibliologs guiados pelos trainers e responsáveis pela Rede Internacional da Rede Bibliolog no Brasil, Jandir Sossmeier e Adriane Sossmeier, bem como pelos trainers em formação: Júlio Adam, Susane Giongo e Daniela Hack; ora com a leitura de suporte teórico; ora com a realização de exercícios em grupos menores. As práticas e os pressupostos teóricos nos capacitaram para que cada participante preparasse um Bibliolog, proposta na qual fomos acompanhados e orientados de perto pelos nossos mestres.
Uma das etapas da metodologia do Bibliolog apresenta a repetição da fala dos participantes, a qual é denominada de eco. Trata-se literalmente de uma repetição da fala do outro, após uma escuta muito atenta, com o objetivo de valorizar o dizer e “para que nada se perca”. Durante os exercícios, essa foi a parte mais desafiadora e também a mais apaixonante, valorizando a participação e a multiplicidade de percepções e olhares sobre um mesmo fato. Além disso, o eco também evidencia e reafirma a importância de cada um, pois toda a participação é bem-vinda! E como é caloroso sentir-se ouvido no grupo!
Para mim, essa parte da prática é extremamente significativa e embora o eco se refira à repetição das palavras, fui percebendo como as falas continuam ressoando e ampliando seus significados ao longo do tempo. O diálogo com a Bíblia, proposto no Bibliolog, é sinônimo de participação ativa e escuta. Uma escuta atenta que valida a participação de cada voz.
Depois de 4 dias intensos, ao voltar para minha casa e minha escola, as vivências do curso continuam ecoando em meu coração! Volto com uma bagagem valiosa, entusiasmada, empolgada e muito mais próxima da Bíblia. As vivências do curso de Bibliolog reavivaram em mim um sentimento de comunidade e de pertencimento, além de permitirem que eu pudesse vivenciar o poder transformador da escuta.
Lisneia Beatris Schrammel
Linha São João, Salvador do Sul, 30 de outubro de 2023.