O Irmão Roger, prior da Comunidade de Taizé, morreu ontem ao receber três facadas no pescoço desferidas por uma mulher romena, de 36 anos, quando ele oficiava culto de oração para cerca de 2,5 mil pessoas, a maioria jovens.
A mulher sacou a faca e se lançou contra o ancião religioso de 90 anos, que faleceu em poucos minutos. Não foram identificados ainda os motivos do atentado. A policia disse que a acusada não parece ter problemas psicológicos.
A população de Taizé, próximo de Cluny, está situada a 386 km ao sudeste de Paris. O presidente Jacques Chirac disse que a comunidade é exemplo de “respeito e tolerância”, que o Irmão Roger foi um dos cristãos mais queridos no mundo e que ele será lembrado com “carinho e gratidão”.
O Irmão Roger fundou a Comunidade de Taizé, em 1940, como um lugar de ajuda aos refugiados da guerra. Desde então, a Comunidade de Taizé, monástica e ecumênica, foi um centro de paz e reconciliação. Na atualidade, ela tem cerca de 100 monges, tanto católicos romanos como protestantes, procedentes de 25 países.
A comunidade desenvolveu um tipo de liturgia baseada na meditação, oração e silêncio, que é usada ao redor do mundo. Seus cantos em forma repetitiva, geralmente com palavras tomadas dos salmos ou dos evangelhos, foram fonte de inspiração para milhões de cristãos.
Seguindo a tradição beneditina, todos os irmãos trabalham na manutenção das singelas instalações e no preparo dos alimentos aos milhares de peregrinos que chegam a Taizé todos os anos.
Por seu interesse pela juventude, Irmão Roger organizava, desde 1978, grandes concentrações de jovens entre os dias 28 de dezembro e 1 de janeiro de cada ano nas principais cidades européias. O último retiro teve lugar em Milão, Itália.
O Irmão Roger, cujo nome original era Roger Louis Schutz-Marsauche, começou seu ministério como pastor protestante na Suíça e conquistou o respeito e a admiração dos cristãos em todas as partes do mundo.
O papa João Paulo II conheceu pessoalmente o Irmão Roger, em 1962, e visitou a comunidade em 1986.
Ao ser divulgada a morte do Irmão Roger começaram a chegar mensagens de todas as partes do mundo. O papa Bento XVI disse que seu assassinato era uma noticia “muito triste”. O arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, disse que sentia um “choque indescritível” e lamentou que o Irmão Roger, que lutou tanto pela paz, tenha morrido dessa forma.
Fonte: ALC - Onell A. Soto
