Seminário Aprendendo com os Povos Indígenas

COMIN promove seminário sobre povos indídenas no Sínodo da Amazônia

13/11/2011

Seminário Jovens Luteranos cacoal 2011 004
Seminário Jovens Luteranos cacoal 2011 006
Seminário Jovens Luteranos cacoal 2011 018
Seminário Jovens Luteranos cacoal 2011 019
Seminário Jovens Luteranos cacoal 2011 025
1 | 1
Ampliar

Nos dias 12 e 13 de novembro, o COMIN promoveu no Centro Luterano de Formação de Cacoal – RO, mais um seminário para luteranos do Sínodo da Amazônia sobre a temática dos povos indígenas, visando maior conhecimento sobre a história passada e presente dos povos indígenas da Amazônia Brasileira, especialmente da Rondônia, do processo de colonização da região Norte, da cultura, dos direitos dos povos indígenas e de sua organização.
Inicialmente foram abordadas cinco idéias equivocadas que muitos não-indígenas têm em relação aos povos indígenas: (I)a idéia do índio genérico – como se todos os índios fossem iguais, adorassem Tupã, morassem em ocas e falassem a mesma língua, (II) a idéia dos povos indígenas terem culturas atrasadas e primitivas, (III) a de serem culturas congeladas, do índio nu na floresta, (IV) de que os povos indígenas pertencem ao passado e (V) de que o brasileiro não é índio, de negar as raízes indígenas e ou africanas e se identificar com raízes européias, por serem dos povos vencedores -colonizadores.
Num segundo momento estudamos os determinantes políticos e econômicos que levaram à ocupação das terras da região Norte do Brasil, mais especificamente da região hoje conhecida como estado de Rondônia, do Brasil colonial a época atual: busca do ouro, das drogas do sertão (cacau, castanha, canela, guaraná, etc), caça ao índio para mão de obra e ocupação de fronteiras na disputa de terras e do trabalho indígena entre as missões espanholas e portuguesas, no Brasil colônia; extrativismo da borracha (ferrovia Madeira – Mamoré, linhas telegráficas, comissão Rondon, Serviço de Proteção ao Índio e FUNAI), mineração da cassiterita e BR364, os projetos de colonização, privada e o INCRA das décadas de 60 e 70 ao atual Programa de Aceleração do Crescimento- PAC, com as grandes hidrelétricas do Madeira. A relação de profunda violência com os povos indígenas neste processo, que além de armas de fogo, chegou até a fazer uso de dinamite em expedições aéreas, arsênico e roupas contaminadas com vírus para dizimar populações indígenas e se apropriar de suas terras, como por exemplo no massacre do paralelo 11 nos Cinta-Larga. Viu-se que dos cerca de 80.000 índios no século VIII, na década de 60 chegou-se a apenas 4.000 em Rondônia, tamanho o extermínio. Hoje a população indígena do estado de Rondônia está com 12000 pessoas e no Brasil temos 817.000 indígenas, com cerca de 200 povos e 180 línguas (IBGE 2010).
Depois se discutiu a nova relação do Estado brasileiro com os povos indígenas, a partir da Constituição Federal de 1988. Se antes a visão estatal era de emancipar o índio e integrá-lo à comunhão nacional, agora é o de reconhecimento e valorização destas culturas com políticas públicas que respeitem a diversidade cultural e lingüística existente entre os povos indígenas. Viu-se que, em relação às Terras Indígenas o avanço constitucional foi no reconhecimento do direito originário dos povos indígenas sobre suas terras tradicionalmente ocupadas cabendo à União demarcá-las. Embora a Constituição garanta todos estes direitos aos povos indígenas, viu-se que na realidade muitos povos ainda não têm suas terras demarcadas.
Refletimos que todos estes direitos indígenas foram conquistados com muito sacrifício, durante um longo processo de trabalho e mobilização do movimento indígena e de suas organizações com apoio de parceiros. Embora tenha se conquistado direitos na constituição, esta mobilização precisa continuar para que estes direitos sejam efetivados, na saúde, na educação e na demarcação e proteção das terras indígenas.
Todas estas discussões foram enriquecidas com os depoimentos de representantes dos povos Apurinã, Canoé e Arara, que falaram das realidades de suas comunidades, das suas lutas e conquistas dos direitos indígenas.
O seminário contou com 40 participantes, em sua maioria jovens luteranos, que demonstraram muito interesse no tema, em conhecer a realidade do dia a dia de culturas diferentes, embora vizinhas, as quais muitas vezes se discrimina porque não conhece.
Jandira Keppi e Nelson Deicke

COMUNICAÇÃO
+
Quem é tão forte que não necessite também de consolo do menor dos seus irmãos?
Martim Lutero
© Copyright 2024 - Todos os Direitos Reservados - IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Portal Luteranos - www.luteranos.com.br