Vila Pavão lança filme sobre casamento pomerano

26/06/2009

Durante uma semana, a equipe não parou um minuto e captou cada detalhe, desde os preparativos do enlace, que reune os familiares do noivo e da noiva, até o terceiro e último dia de festa. Ao todo foram mais de 30 dias de preparação para as gravações do casamento. O diretor Jorge Jacob, que é pomerano, pesquisa sobre a cultura há mais de 20 anos e sempre sonhou em fazer um filme sobre o casamento.

A celebração do matrimonio do casal Zelira Willmer Boning e Paulo Boning – ambos luteranos - foi realizada no dia 29 de janeiro. Os dois participaram de um concurso que determinou os protagonistas do filme. De acordo com Jorge Jacob, o casal foi escolhido pela fidelidade às tradições da cultura pomerana.

Foram três dias de festa e tudo foi documentado para o filme, que deve estrear em breve. “A idéia, é mostrar, por meio do rito do casamento, parte da tradição e cultura pomerana. Queremos mostrar aos capixabas e ao mundo a riqueza desta cultura”, explica a diretora Adriana Guimarães Jacobsen.

Algumas tradições foram resgatadas para a cerimônia, uma delas foi o vestuário. A noiva, Zelira Willmer Boning, usou um vestido preto no “thoupsrijwen” (casamento no civil) como forma de valorizar sua história e sua tradição. O detalhe é que ela não usou qualquer vestido. A peça tem mais de 80 anos e pertence a uma das famílias mais tradicionais de Vila Pavão: Theodoro Pagung. Além disso, a avó de Zelira casou-se com o mesmo vestido aqui no Espírito Santo na década de 1920.

Usar o vestido preto com uma faixa verde na cintura tem várias interpretações: uma, era um sinal de protesto das noivas pomeranas. No período feudal elas tinham que primeiro dormir com o senhor feudal e só depois com seu respectivo marido. Outra interpretação é que a saída da noiva da casa dos pais para assumir uma nova realidade na casa dos familiares do sogro significa “morte social”. No “trug” (casamento religioso), Zelira usou o vestido branco, sonho desde pequena, da grande maioria das mulheres de hoje.

Os demais preparativos para o casório foram seguidos à risca. A começar pelo convite. Entre os descendentes de pomeranos nunca foi costume mandar convites impressos. O “Hochtiejdsbirer” (convidador) de casamento, geralmente o irmão caçula da noiva, vai até a casa dos convidados fazer o convite pessoalmente. Antigamente utilizavam para fazer o percurso até as casas, cavalo ou bicicleta, que foram substituídos, nos dias de hoje, pela motocicleta.

O casamento é realizado na casa dos pais da noiva. Na quinta-feira acontece o “Pulderäwend”, a cerimônia do “Quebra - louça”. Quebrar louça velha, ajuntar os cacos e guardá-los depois significa o inicio de uma nova vida e o desejo de felicidades. A festa, respeitando as tradições, teve direito ainda a “bruudans”, em português, dança da noiva; a “Kransafdans”, a dança da grinalda.

A cerimônia religiosa seguiu os ritos da Igreja Luterana. Aconteceu na tradicional “igrejona”, maior igreja luterana da América Latina. Foi celebrada por dois pastores luteranos, em português e na língua pomerana. A festa do casamento foi realizada no Museu Pomerano Franz Ramlow, como se fosse a casa da noiva.

O festejo contou com farta culinária pomerana. Teve um jantar especial na quinta-feira: o “hinerpouden” (pés de galinha). .Na sexta-feira, dia da grande festa que começa cedo com um café colonial com destaque para “wurst” (linguiça), uutgelektakäis (coalhada) e “broud (brote, pão pomerano), o grande e tradicional almoço da festa com o gingebijr (gengibre), Firsichsup (sopa de pêssegos), e “melkrijs” (arroz doce com leite).

A música tocada por três tocadores de Concertina animou os três dias de festa. O detalhe para “Carlinho Preto” é negro e fala com fluência a língua pomerana e veio de Laranja da Terra. “Isso mostra que a cultura vai além da cor, da etnia e mostra a força da cultura pomerana aqui no Espírito Santo”, afirma Jorge Kuster Jacob.

O filme de 45 minutos está sendo realizado com incentivo da Secretaria de Estado da Cultura e deve ser finalizado e lançado em breve. O projeto do “hochtijd”–casamento pomerano ficou em primeiro lugar, entre cinco escolhidos por edital em 2008.


Texto: Jorge Kuster Jacob
 

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