Fé, Gratidão e Compromisso


ID: 2756

Contribuição na IECLB - breve histórico

1 – Era costume dos Pastores motivarem a coleta do culto dominical com a citação de uma passagem bíblica. Uma das passagens mais utilizadas era a recomendação da epístola aos Hebreus (13.16) “Não negligencieis igualmente a prática do bem e a mútua cooperação; pois com tais sacrifícios Deus se compraz”.

Esta palavra, sempre de novo repetida, interpretou a contribuição e coleta na igreja. De um lado a contribuição era vista como sendo o “fazer o bem e a mútua cooperação” e por outra foi entendida como sacrifício. Na língua alemã a coleta era denominada “Opfer” ou “Opfergeld” (sacrifício ou dinheiro de sacrifício). Já um antigo Regulamento Eclesiástico da época da Reforma, elaborada pelo amigo de Lutero Johannes Bugenhaben em 1535, prescrevia que quatro vezes por ano devia ser recolhido o “Opferpfennig” – o “centavo de sacrifício”. Assim como a expressão sacrifício foi assimilada e transmitida de geração em geração ao longo dos séculos também outros aspetos, costumes e formas de recolhimento da coleta e da contribuição chegaram até nós e nos influenciaram.

2 – O Novo Testamento tem muitas referências sobre a contribuição das primeiras comunidades. Judas foi o tesoureiro do grupo de discípulos de Jesus, pois dele fala o Evangelho de João (13.29) dizendo: “Judas tinha a bolsa”. Assim como os discípulos de Jesus também a primeira comunidade em Jerusalém tinha sua organização administrativa e financeira que foi implantada quando surgiram descontentamentos e problemas. Foi instituído o grupo dos sete diáconos que pode ser descrito como a primeira comissão de finanças da história da igreja. A contribuição era voluntária , conseqüência da postura que os primeiros cristãos tinham: “Ninguém considerava exclusivamente sua nenhuma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum”.(Atos 4.32). Quando aconteceu a crise na comunidade de Jerusalém e ela empobreceu foram realizadas coletas em muitas comunidades. Os capítulos 8 e 9 da segunda epístola aos Corintios são um testemunho valioso sobre conceitos de contribuição sendo que a motivação maior para a contribuição é a afirmação “Deus ama a quem dá com alegria” (2.Cor. 9.7).

3 - Nos primeiros séculos, na medida em que as comunidades foram surgindo e crescendo fez-se necessário o estabelecimento de regras mais claras para a administração das mesmas.
Assim encontramos além das ofertas voluntárias, os princípios vindos do Antigo Testamento: os primeiros frutos e o dízimo além do costume de doar bens ou propriedades às igreja. Parcialmente e por um período de tempo limitado as receitas eram divididas em 3 partes iguais: 1/3 para os pobres, 1/3 para a missão e 1/3 para a administração da comunidade. Mais tarde esta divisão foi modificada, destinando-se 1/4 da receita para os pobres,para a missão, para a administração da comunidade e para o Bispo,isto é, para a administração regional da igreja.

4 - Na idade média (529 a 1517!) uma grande variedade de métodos de arrecadação financeira foi introduzida.Na medida em que a igreja crescia cresciam também as suas necessidades financeiras. Assim surgiram, além dos métodos anteriores, os subsídios, tributos eclesiásticos, espólios de sacerdotes falecidos para a igreja, os primeiros frutos da vacância, as receitas do primeiro ano de um novo pároco destinadas ao Bispo, taxas papais, centavo de São Pedro, dízimo do clero, taxa apostólica, procuração, taxa de visitação. Mais importante que os diversos métodos utilizados para arrecadar dinheiro, tanto a nível local como regional e geral, era a motivação para o pagamento de contribuições e taxas. Aos poucos surgiu a idéia de que a pessoa que fizesse uma determinada doação a Deus por intermédio da igreja seria recompensado por Deus.E mais: A igreja,assim se ensinava, era depositária de boas obras praticadas por santos e mártires e acima de tudo de Cristo que ela administrava. Assim uma bula papal de 1343 do Papa Clemente VI diz: “Toda a humanidade pode ter sido salva com uma só gota de sangue de Cristo, mas tendo ele derramado tanto, e certamente não em vão, este excesso formou um interminável tesouro da Igreja que foi aumentado pelos méritos do santos e mártires.O Papa é o guardião deste tesouro e pode dispensar dele quanto quizer sem medo de acabar com ele”. Esta é a base das indulgências que eram vendidas no século XVI e que foram a causa concreta da publicação das 95 teses de Lutero em 31 de Outubro de 1517.

5- Na ótica da contribuição financeira podemos constatar que as 95 teses provocaram uma verdadeira “revolução”. Duas teses são destaque: tese 27: “Pregam doutrina humana os que afirmam que a alma salta do purgatório logo que o dinheiro retinir no fundo da caixa” e tese 62 “O verdadeiro tesouro da igreja é o santíssimo evangelho da glória e graça de Deus”. Mas também é verdade que a Reforma nos deixou na mão quando perguntamos por diretrizes e balizas para a contribuição eclesiástica. Nem Lutero e nem os outros reformadores nos legaram orientações para a arrecadação da contribuição na comunidade e na igreja. Basicamente prevaleceu a tese de que cabia ao governante pagar salários e recolher as Texas para a manutenção da igreja. Com isto na bagagem os imigrantes europeus evangélicos formaram as primeiras comunidades. No Brasil.

6- Até a proclamação da república éramos tão somente um “religião tolerada”, mas mesmo assim temos exemplos de subsídios do Império para a manutenção de comunidades. Desde cedo decidiu-se, via de regra, pelos seguintes métodos de arrecadação:
a) espórtulas, o pagamento pela realização de ofícios e celebrações de sacramentos b) contribuição compulsória para cada família cujo valor era decidido em assembléia
c) festas e promoções especiais para a arrecadação de dinheiro,
d) ofertas livres e espontâneas : coletas.
O que mais marcou a nossa história é a contribuição compulsória. A própria IECLB
colaborou com este sistema. Até 1997 havia o sistema de pagamento de cotas cujo
valor era fixado pelo Concílio ou pelo Conselho Diretor. Por alguns este sistema de
contribuição era chamado de “imposto eclesiástico”.

7- Depois de 1945 foi trazida ao Brasil a experiência americana da contribuição livre
ou voluntária. Todo um programa de Mordomia Cristã foi difundido (sobre isto deve se consultada a palestra do P.Dr. Paulo Butzke). Infelizmente este programa foi interropido em 1968. Por influencias da própria história das Escrituras e de publicações recentes de diversas igrejas o dízimo foi e ainda é discutido nas comunidades. Em 1978 o Conselho Diretor, atendendo resolução do Concílio Geral daquele ano, estabeleceu a prioridade “Contribuição proporcional” pelo espaço de 8 anos. Apesar da crise na arrecadação e na contribuição detectada com alarde a partir do Concílio Geral de 1984, somente em 1995 – nos dias 14 a 16 de junho – foi realizado um seminário nacional sobre a contribuição. Resultado concreto deste seminário foi a decisão do Concílio de Toledo em 1996 de introduzir o modelo do dízimo em substituição ao sistema de cotas a partir de 1998.

8- Tanto no seminário de 1995 como nos estudos da comissão que elaborou a proposta e ainda no Concílio de Toledo em 1996 nós tínhamos plena consciência de que estávamos dando apenas o primeiro passo na busca de uma solução para a questão da contribuição na IECLB. O passo seguinte, mais importante que o primeiro, deveria ser a atenção para a contribuição da pessoa para a sua Comunidade.Vejo que isto está acontecendo com a realização deste Fórum nacional cujo nome é programático: FÉ – GRATIDÃO – COMPROMISSO.
Com certeza o caminho ainda será longo,mas estamos dando um importantíssimo passo para estabelecer o ideal que é a contribuição absolutamente livre, tanto para a Comunidade
como para o Sínodo e a IECLB.

Este ideal é a admoestação do Apóstolo: “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração”.

 P. Meinrad Piske, em palestra no FÓRUM NACIONAL “FÉ, GRATIDÃO E COMPROMISSO”, 01-04 de junho de 2005, Rodeio 12/SC
 


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