América Latina na Assembléia

22/02/2006

Ao longo de duas horas, com a participação de bonecos, música e vídeos, o público na plenária foi levado a refletir sobre a questão Por onde caminha Deus na América Latina? Cinco personagens - uma menina de 15 anos, um velho índio, uma mulher índia, um revolucionário e um peregrino negro - contaram os eventos históricos mais importantes do continente, com ênfase no papel das igrejas e do movimento ecumênico. 

Durante o espetáculo, foram apresentados depoimentos gravados de diversas lideranças religiosas e da sociedade civil. Reiteramos as boas-vindas a esta ‘américa escura’. Pedimos que tenham suas mentes abertas e disposição para mudar o que é preciso mudar, disse o presidente do Conselho Latino-Americano de Igrejas (Clai), bispo Júlio César Holguin.

O povo indígena sofreu 500 anos de repressão, de diferentes formas. Reinvindicamos nossa memória histórica, um idioma e uma condição indígena. É a busca de nossas raízes que nos fortalece, confirmou no seu depoimento a indígena guatemalteca e prêmio Nobel da Paz, Rigoberta Menchú.

Ninguém pode pretender não ter culpa nas divisões, prejuízos e intolerâncias que nos separam. Contudo, nós desejamos agradecer a Deus proue, ao spoucos, temos aprendido a conhecer uns aos outros, a reconhecer uns aos outros como irmãos e irmãs, a orar juntos e estar juntos, refletiu o teólogo pentecostal do Chile, Juan Sepúlvada.

Já o presidente do CMI, bispo Federico Pagura, citou os direitos humanos como um dos temas fundamentais a ser observado. O bispo metodista Carlo Poma falou sobre os excluídos e de como Deus caminha entre eles, criando uma unidade em meio à diversidade existente na América Latina.

Francisco Pernambucano, do Movimento dos Sem-Teto no Brasil, lembrou que Deus está especialmente nas favelas, debaixo de pontes, com os mendigos, com os famintos, os necessitados de justiça e de paz. A mesma opinião foi expressa pelo reverendo pentecostal Julio Vaccaro: Deus está com aqueles que não têm comida, que têm fome e que não têm trabalho, e também com aqueles que os ajudam, cristãos ou não.

Uma graça cheia de justiça

O prêmio nobel da Paz, o argentino Adolfo Perez Esquivel, a teóloga costa-riquenha Elsa Tamez e uma das fundadoras do movimento Madres de la Plaza de Mayo, Nora Cortiñas estiveram presentes e participaram da plenária da América Latina.

Durante entrevista coletiva, Esquivel, felicitando ao CMI pela realização da Assembléia em Porto Alegre, lembrou que a América Latina tem à sua frente muitos desafios. Continuamos trabalhando para resolver os conflitos e acompanhar as organizações populares, a partir da fé e da ação social. Através disso, vamos gerando espaços de liberdade, de entendimento, de vida e de desenvolvimento.

O tema desta Assembléia é a graça, disse Elsa Tamez. Necessitamos de uma graça cheia de justiça, transformadora e libertadora, que fez com que esta nossa gente cheia de dignidade, como filhos e filhas de Deus, ser o que é.

Nora Cortiñas veio trazer os cumprimentos das mães da Plaza de Mayo Linha Fundadora e também dar um testemunho. Peço que este encontro ajude a fortalecer o nosso sentimento de solidariedade para com os outros, disse. Ela também lembrou que, ao longo da sua história, durante o período negro da ditadura militar na Argentina, o movimento recebeu apoio das igrejas e do movimento ecumênico.

Em nossa região vivemos experiências dramáticas, pessoais e sociais. A graça, como diz o tema da Assembléia - Deus, em tua graça, transforma o mundo -, no contexto latino-americano, significa assumir realidades com sentido de esperança, sentir o dom de Deus frente ao desespero, disse a carta de boas-vindas do Conselho Latino-Americano de Igrejas (Clai) que os participantes da 9a Assembléia receberam antes de sua chegada a Porto Alegre.
 

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