Foram aprovadas mudanças substanciais nas prioridades e na cultura do Conselho Mundial de Igrejas, em sua 9a Assembléia, que encerrou nesta quinta-feira, em Porto Alegre, com uma celebração. Os participantes decidiram dar prioridade para a espiritualidade, formação ecumênica, justiça global e testemunho profético.
A Assembléia organizou uma nova agenda para o CMI para os próximos anos em suas relações ecumênicas, acordando várias grandes iniciativas programáticas, e elegeu um novo corpo diretivo para liderar a organização neste novo mandato.
Esta Assembléia afirmou a vitalidade do movimento ecumênico e do comprometimento das igrejas com a visão ecumênica e o objetivo da unidade e da luta pela paz mundial, disse o secretário geral do CMI, Rev. Dr. Samuel Kobia.
A 9a Assembléia, foi realizada pela primeira vez na América Latina desde a criação do Conselho, em 1948. As igrejas brasileiras e da região, que hospedaram o evento, estiveram ativamente envolvidas.
A Assembléia foi realizada em Porto Alegre, Brasil, de 14 a 23 de fevereiro de 2006 e reuniu mais de 4 mil participantes, incluindo 691 delegados de 348 igrejas membro do CMI, além de representantes e observadores de outras igrejas, organizações e movimentos.
Nova Constituição
Durante a primeira semana da Assembléia os delegados revisaram a constituição e e as regras que norteiam o CMI, adotando o processo de decisões baseado no Consenso e alterando os critérios de membresia. As reformas tiveram como alvo o fortalecimento da participação das igrejas de diferentes culturas e tradições e foram propostas a partir das preocupações manifestadas pela igrejas ortodoxas filiadas ao Conselho.
Unidade da Igreja
Sobre os temas da unidade cristã a Assembléia aprovou um novo texto Chamado para ser uma só igreja, encorajando os membros do CMI priorizar aos temas de unidade, catolicismo, batismo e oração.
Os delegados pediram uma renovação de esforços para fazer visível a unidade da igreja, o qual permitiria que o movimento ecumênico oferecesse ao mundo uma mensagem espiritual cristã, coerente e cheia de graça.
A Assembléia assinalou os caminhos de colaboração com a igreja Católica Romana, a qual não é membro do Conselho, e com igrejas Pentecostais que podem ser fortalecidos os próximos tempos. Os delegados concordaram em desenvolver maneiras de trabalhar com outros grupos de igrejas que potencializam a cooperação e a coerência de mensagem de todos os instrumentos ecumênicos.
Seguindo o chamado do Secretário Geral a Assembléia apoiou uma proposta de explorar a viabilidade da estruturas para assembléias do CMI que se poderia vincular a reuniões globais de outros corpos de igrejas nos próximos anos.
Participação de Jovens
Pela primeira vez jovens adultos nomeados pelas igrejas participaram em todo o trabalho de comitês da Assembléia e os delegados pediram que sejam tomados passos para fortalecer o envolvimento ativo da juventude ( abaixo de 30) na vida e no trabalho do Conselho. A Assembléia endossou propostas para a criação de um corpo especial para representar jovens adultos na tomada de decisões e lideranças do Conselho.
Prioridades Programáticas
Reconhecendo a rápida evolução da igreja e do contexto social, e confrontado com a redução dos recursos, os delegados concordaram em focar o trabalho futuro do CMI em um número limitado de assuntos centrais e pediram ao Conselho para adotar um perfil público mais forte em seu testemunho ao mundo.
O CMI deve fazer menos, fazê-lo bem, de uma forma colaborativa e interativa, disse o Rev. Dr. Walter Altmann (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil) coordenador do Comitê Programático que formulou as propostas. Chamando para o fortalecimento das bases teológicas em todas as áreas de atividade, o delegados também pontuaram a necessidade de um planejamento completo e estratégias de comunicação para construir o engajamento e o pertencimento pelas igrejas.
As prioridades programáticas centram-se em quatro áreas de engajamento: unidade, espiritualidade e missão; formação ecumênica enfocada em particular a juventude; justiça global; e levar uma voz confiável e testemunho profético ao mundo.
A Assembléia afirmou que CMI deve expandir seu trabalho em alternativas à globalização, conhecido por AGAPE, aprofundando o enraizamento teológico e analítico de seu trabalho, e compartilhando políticas práticas e positivas das igrejas.
Igrejas buscando a paz
A metade da Década para Superação da Violência do CMI foi celebrada na Assembléia - que recebeu mensagem de três ganhadores do Prêmio Nobel da Paz - e os delegados recomendaram que o CMI se direcione para uma Convocação internacional Ecumênica para a Paz. Um vigília com velas aconteceu no centro de Porto Alegre para lançar o enfoque anual para Década para a Superação de Violência na América Latina.
Temas Públicos
A Assembléia tomou posição sobre vários temas de interesse internacional. Delegados aprovaram declarações sobre a proteção de populações vulneráveis; terrorismo, contra-terrorismo e direitos humanos; desarmamento nuclear; a região de América Latina; água para a vida; e a reforma das Nações Unidas. Respondendo a violência disseminada inter-comunal e inter-religiosa relacionadas com caricaturas do profeta Maomé, a Assembléia falou de sua preocupação pelo respeito mútuo, responsabilidade e diálogo com seguidores de outras fés. Os delegados também expressaram preocupação grave sobre a situação no norte da Uganda.
Novos corpos diretivos
A Assembléia elegeu um Comitê Central de 150 pessoas, o qual serve como principal corpo de tomada de decisões no Conselho entre Assembléias. O novo Comitê conta com 63 mulheres e 22 jovens adultos. A Assembléia também nomeou oito presidente para representar o Conselho em suas respectivas regiões.
O Comitê Central elegeu o Rev. Dr Walter Altmann (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil) como moderador, e como vice-moderadores Metropolitano Gennadios do Sassima (Patriarcado Ecumênico de Constantinopla) e Rev. Dra Margaretha M. Hendriks-Ririmasse, Igreja Protestante das Moluccas (Indonésia).
Site oficial da Assembléia do CMI: www.wcc-assembly.info
