Hanson fala sobre o compromisso das igrejas

27/10/2005

“Somos as duas maiores igrejas luteranas – do sul e do norte da américa – e juntos é possível crescer” – afirmou o Bispo Mark Hanson, dirigindo-se a imprensa durante a coletiva de imprensa que marcou sua primeira visita ao Brasil na condição de Presidente da Federação Luterana Mundial e da Igreja Evangélica Luterana na América – ELCA. As igrejas precisam pensar o quê de concreto estão fazendo pelos pobres e oprimidos e dar passos concretos de serviço, assumindo suas responsabilidades – destacou Hanson diante dos principais veículos religiosos, jornais e rádios seculares do sul do país.

Corrupção – Questionado sobre o momento que o povo brasileiro está atravessando, marcado por denúncias de corrupção e a contribuição das igrejas - em especial das luteranas - para o tema, Hanson destacou que é preciso ser cauteloso e levar em conta as particularidades de cada cultura ao fazer qualquer análise, e por isso preferiu chamar a atenção para o compromisso das igrejas quanto aos temas internacionais, que afetam todos os povos - pobreza, fome, violência, HIV-AIDS e corrupção.

Reconciliação – Perguntado sobre o envolvimento da FLM com a temática do Oriente Médio, Hanson relatou a recente reunião do Comitê Central realizada em Jerusalém e o comprometimento dos luteranos com a reconciliação e o empenho de dar a sua contribuição – “São poucos os cristãos na região da Jordânia e Terra Santa – são cerca de 2000 luteranos, mas o trabalho é intenso - temos 8 escolas onde cristãos e muçulmanos estudam juntos. Pessoalmente, Hanson visitou os locais de trabalho apoiados pela FLM na Terra Santa e também esteve em campos de refugiados. Além disto esteve com líderes políticos e autoridades da região – marcando o contraponto que ao mesmo tempo que é fundamental estar com os pobres e oprimidos, mas também com o poder – junto ao qual também é preciso interceder para reverter as desigualdades e injustiças.

“O caminho pela para a paz mundial não passa por Bagdá, mas por Jerusalém, pela terra Santa” – afirmou Hanson falando da importância do empenho das igrejas pela paz no Oriente Médio. Como presidente de um organismo internacional de igrejas, Hanson destacou a importância dos cristãos se comprometerem com os meios de reconciliação, justiça e não-violência no mundo. Olhando para o crescimento pentecostal e neopentecostal em várias partes do planeta, Hanson perguntou qual seria a fome humana saciada por tais expressões religiosas. Em resposta à sua própria indagação, ele sugeriu a possibilidade das pessoas que seguem essa religiosidade estarem sendo reconhecidas na sua condição de seres humanos, experimentando a presença do espírito de Deus em seu interior e a alegria em meio ao sofrimento. 

Furação Katrina – Questionado sobre as relações entre igreja e estado e as intervenções necessárias nesta relação, Hanson trouxe a experiência do furacão Katrina que, segundo ele “abriu uma cortina para a miséria e pobreza que temos em nosso próprio país. Agora estamos passando por um embate moral. O governo americano pretende tirar dinheiro das verbas do auxílio social aos mais pobres para dar início ao processo de reconstrução e a igreja não pode se calar diante disto.” Segundo o líder luterano, um em cada 50 norte americanos já recebeu auxílio de entidades ligadas à Igreja Luterana, mostrando que a mobilização é viável e necessária. 

Conferência Internacional de Negros Luteranos – Sobre a importância do evento realizado em São Leopoldo destacou que no contexto luterano onde cerca de 97% são brancos, é fundamental concluir que há uma contribuição a ser dada, oferecendo ao mundo a superação do estigma de que somos uma igreja de brancos e isto só será alcançado quando as igrejas confessarem o pecado do racismo, abrindo assim espaço para avanços, lembrando o bispo Tutu “é preciso falar sobre o sistema de opressão para iniciar a reconciliação. Precisamos oferecer espaço para os afro-descendentes, ainda que isto pareça difícil – o nosso comportamento não valoriza, mas as tensões são necessárias. “Costumamos dizer que todos são bem-vindos em nossas igrejas, mas o nosso comportamento não é inclusivo, pois condiciona que as pessoas se tornem iguais a nós, não que permaneçam com são, valorizando a diferença” – destacou Hanson 

Dívida Externa – “A conscientização sobre o processo de endividamento é muito difícil” lembrou Hanson, destacando que os americanos é complicado entender: “eles reagem com compaixão, mas não percebem que são os responsáveis por grande parte do atual cenário econômico mundial, não buscam as causas deste sofrimento. Nós estamos nos esforçando para criar esta consciência.” Hanson destacou ainda que participam de uma rede denominada Jubileu 2000, que pensa alternativas para superar o crescente endividamento dos países mais pobres, através da reflexão sobre os desafios do milênio.

9ª Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas – Na cidade que sediará em fevereiro do próximo ano a 9ª Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas Hanson falou do quanto este evento será significativo, como cenário vivo do ecumenismo mundial, e espaço para a discussão de temas relevantes para a sociedade, como a superação da violência. “As religiões e expressões religiosas que mais crescem são “fechadas” ao ecumenismo, ao diálogo, a reconciliação, destacou Hanson, lembrando que também estarão participando da 9ª Assembléia igrejas pentecostais e neopentecostais precisam aprender a aceitar as igrejas históricas, e reconhecer que elas também são expressão da fé cristã em sua essência. Dentro do Conselho Mundial de Igrejas, a definição do método de consenso para a tomada de decisões já demonstra a preocupação em valorizar opiniões divergentes, incentivando menos sofrimento e mais cooperação. “Precisamos aprender a caminhar e promover valores cristãos com pessoas de outras expressões de fé” – reforçou.


 

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